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Aproveitando o isolamento: Tempo extra permite cultivar hobbies

  • Foto do escritor: Leonardo Oberherr
    Leonardo Oberherr
  • 21 de set. de 2021
  • 4 min de leitura

Home office alterou rotina e mudou hábitos em casa

Matéria publicada no site da Beta Redação, disponível clicando aqui.

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Tempo para lazer tem crescido entre os profissionais em home office. (Foto: Tiago Munden/Arquivo pessoal)

Desde a chegada do distanciamento social, medida paliativa para evitar a disseminação do vírus Sars-Cov-2 pelo mundo, as pessoas têm lidado com o isolamento de diversas formas. Há quem tenha lamentado, quem tenha se isolado completamente de forma improdutiva, os que desrespeitaram a medida de segurança e aqueles que “usam o limão para fazer uma limonada”. Consequência do distanciamento, a realização das tarefas de trabalho e escola diretamente de casa oportuniza momentos que antes eram gastos no trânsito, por exemplo. Com mais tempo, é possível fazer mais coisas, e realizar novas atividades ou ainda retomar hobbies antigos.

“Permita que sua solidão seja bem aproveitada, que ela não seja inútil. Não a cultive como uma doença, e sim como uma circunstância” (Martha Medeiros)

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Maurício Pechina tem aumentado o hábito da leitura em seu cotidiano. (Foto: Daiane Morais/DM Photography)

Foi exatamente esse conselho da escritora gaúcha que o morador de São Leopoldo Maurício Pechina, de 25 anos, professor de educação física e personal trainer. Mesmo considerando o trabalho em home office prejudicial por conta da falta de delimitação do tempo de trabalho, o ex-treinador de futebol americano conta que a única vantagem é a ausência do deslocamento. “Em regime de home office, uma vez que surge a demanda, temos que executá-la.”


Embora não tenha adquirido nenhum hobby novo, Pechina aprimorou um hábito que já vinha exercendo: a leitura. Passou de aproximadamente duas horas diárias de leitura para um período de quatro a seis horas. Ele conta ainda que atualmente, dependendo da demanda de atendimentos, o tempo livre em casa pode chegar a ser de até seis horas.


Tempo para a família e aprendizados

Para o analista comercial de Belo Horizonte Tiago Munden, 37 anos, o home office tem sido “muito bom”, pois consegue passar mais tempo com a família. “Consigo produzir melhor no trabalho. Minha performance foi elevada por conta de vários fatores. Eliminar o tempo de deslocamento, por exemplo, me ajudou muito. Muitos dias já chegava cansado no escritório por conta do estresse do trânsito de cidade grande.” Munden conta que, com o regime remoto de trabalho, ganhou cerca de duas horas a mais em casa, pois o deslocamento já tomava, diariamente, aproximadamente esse tempo no percurso entre a residência e seu trabalho. O período serviu para aproximar-se ainda mais de amigos e familiares. “Pude ter mais tempo para conversar com amigos, familiares que estão passando por momentos difíceis. Ajudá-los com o pouco que tenho, às vezes dando uma palavra de motivação, consolo, até mesmo uma simples oração, já pode causar coisas boas nas vidas dessas pessoas”, explica.

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Cozinhar tem se tornado um dos hobbies de Tiago. (Foto: Tiago Munden/Arquivo pessoal)

Além de estar com a família e amigos, mais tempo em casa resultou num aumento de consumo de animes e outros programas que são de sua predileção, além de jogar mais videogame. Este tempo, no entanto, serviu para aprender coisas novas, como cozinhar. “Eu gosto de fazer comida japonesa. Morei no Japão e tenho alguns pratos favoritos, como karê, yakissoba, missoshiru (sopa de missô (soja), com hondashi (tempero a base do peixe bonito), tofu e cebolinha). Hoje, esporadicamente, cozinho esses pratos em casa, mas gostaria de fazer mais, como mabotofu (tofu picante, com molho vermelho fino, pasta de amêndoa fermentada com pimenta e feijão preto fermentado, juntamente com carne picada, geralmente carne de porco ou carne de bovino). Outra coisa que tentei fazer, igualmente a cozinhar, foi tocar violão. Sigo tocando, mas com menos frequência.” Tecnologia auxiliando no process

Tecnologia auxiliando no processo

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Tecnologia tem sido o grande companheiro do home office. (Foto: Tiago Munden/Arquivo pessoal)

O uso de aparatos tecnológicos, especialmente com acesso à internet, é cada vez mais importante, tanto para lazer como para a realização do home office. “É fundamental. Muitas reuniões usam a tecnologia e muitas coisas podem ser resolvidas por e-mail. O lado ruim é ser interrompido com imprevistos familiares. Tenho dois filhos pequenos e sem escola, então, tem hora que preciso interromper o trabalho para algumas tarefas domésticas”, relata Tiago.

Como lidar com dificuldades do período

Sabemos que a falta de interações humanas é prejudicial em muitos aspectos. Para o educador físico Maurício Pechina, “a principal observação sobre esse período é que a sensação de insegurança nas atividades básicas diárias e nos contatos com outras pessoas tem gerado uma sobrecarga psíquica e física bem grande, o que acaba diminuindo a qualidade de vida como um todo”. O analista comercial Tiago conta que a empresa onde trabalha tomou medidas que o ajudaram a ficar mais tranquilo. “A empresa trabalhou firme na manutenção dos empregos. Nos deu total estrutura para que pudéssemos trabalhar em casa, com tecnologia para não deixar cair a performance nos negócios e concentrar nos cuidados da saúde. Inclusive, até a cadeira de escritório a empresa forneceu para quem não tinha em casa, cuidando da ergonomia dos funcionários. Graças a isso, não tive preocupação em relação ao sustento da família, e isso me permitiu pensar em ter mais tempo para o lazer, fazer algo que gosto.”


Pesquisa indica que pessoas buscaram desenvolver ‘hobbies’


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Atividades de lazer foram as que mais tiveram novos adeptos. (Foto: Pesquisa de campo)

No final de 2020, as alunas Daniela Gonzatto, Maria Carolina Steques e Tainara Pietrobelli, do curso de Jornalismo da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), realizaram uma pesquisa de campo sobre hábitos das pessoas durante a pandemia. Os resultados mostraram que aproximadamente 80% dos participantes adquiriram um novo hobby ou retomaram algum antigo.




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Resultado do levantamento que aponta quais hobbies foram recordados pelos participantes. (Foto: Pesquisa de campo)

A pesquisa foi realizada com 124 pessoas e trouxe outras características importantes para o entendimento do tema:

  • 19,4% não estavam realizando home office nem estudando de forma remota;

  • 63,7% disseram que os hobbies não estavam atrapalhando as atividades obrigatórias, aqui, consideradas estudo e/ou trabalho;

  • 77,5% responderam que a quantidade de atividades obrigatórias aumentaram durante o período em que estavam em home office;

  • 35,5% revelaram que aumentaram o consumo de filmes e/ou séries, enquanto 26,6% apresentaram o ato de cozinhar como um hobby novo;

  • Entre os que recordaram uma atividade de lazer antiga, 25,8% são ligadas à leitura e/ou escrita;

  • 19,4% responderam ter voltado a praticar algum exercício físico ou a dançar.

Agradecimento especial às colegas Daniela Gonzatto, Maria Carolina Steques e Tainara Pietrobelli que autorizaram a veiculação dos resultados de sua pesquisa.




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