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Polícia Civil de Sapiranga faz campanha para custear prótese canina

  • Foto do escritor: Leonardo Oberherr
    Leonardo Oberherr
  • 22 de set. de 2021
  • 4 min de leitura

Integrante do Projeto K-9, o pastor belga Lúcifer quebrou o dente em um dia de trabalho


Matéria publicada na Beta Redação. Disponível clicando aqui.

Lúcifer participa de treinamento no começo de 2020, usando a guia do colega já aposentado, Dylan. (Video: Leonardo Oberherr / Unisinos)


A Polícia Civil de Sapiranga através das redes sociais do Chefe de Investigações, Carlos Medeiros, está realizando uma campanha para custeio de uma prótese dentária para um integrante do Projeto K-9. Lúcifer, um Pastor Belga Malinois de dois anos, sofreu ao final de abril com uma fratura do seu dente canino superior esquerdo e necessita de uma prótese que está orçada em três mil reais.


“Os cachorros são submetidos aos treinos de mordida, e a quebra de um dente se dá pela força aplicada pelo cão” — explica o Inspetor Chefe Carlos Medeiros, responsável pela Seção de Investigações Infernal (SIInfernal). Atualmente, o projeto conta com dois cães: Lúcifer e Hades, nomes incomuns para animais de estimação populares, mas que condizem com o nome da seção. A SIInfernal também já teve em seu quadro os cães Lilith e Darkness, que ainda carregam o sobrenome Cérbero Polizei.


Os animais são treinados para realizar o farejo de pessoas e entorpecentes, mas também são adestrados para atacar. “Para eles é como se fosse uma brincadeira. O cachorro não tem discernimento entre bom ou ruim. Ele associa sua ação à recompensa, e por isso segue os comandos. Quando mandado para atacar e faz bem o seu serviço, é recompensado”, comenta Medeiros, que é o condutor de Lúcifer e Hades.


O pastor belga quebrou seu dente durante um desses treinamentos. Como o projeto é custeado pela Prefeitura Municipal de Sapiranga, em conjunto com a própria delegacia, Carlos divulgou o fato em sua rede social e logo foi surpreendido pelo apoio público: “Quando postei no meu Facebook, muitas pessoas pediram para criar uma vaquinha, ou queriam ajudar de alguma forma no processo de recuperação. O Lúcifer é muito querido pela comunidade, pois todo nosso trabalho é feito para ela, e seria errado da minha parte não dar a oportunidade para as pessoas contribuírem. Seria muito fácil pedir o valor para um ou outro empresário, mas felizmente muitas pessoas queriam ajudar. Vejo que é uma forma das pessoas agradecerem pelo trabalho prestado pelo animal” — contextualiza.

O uso dos cães nas investigações

Recentemente a delegacia bateu um recorde positivo: zero registro de homicídios nos últimos seis meses — e os servidores da SIInfernal tem auxiliado nisso. Desde que assumiu a Delegacia de Polícia Civil de Sapiranga, em 2015, o delegado Fernando Pires Branco possui — junto da equipe de investigação — uma taxa de elucidação dos homicídios superior a 90%.


“Eles têm sido uma ferramenta muito útil para o trabalho de investigação policial, especialmente no que diz respeito ao combate do crime de tráfico de drogas. Para o bom rendimento dos cães, é indispensável que eles estejam em perfeitas condições de saúde — por isso a necessidade da prótese — e que sejam muito bem tratados”, comenta o delegado. O inspetor Medeiros conta ainda que a equipe estuda a viabilidade do uso de coletes à prova de balas apreendidos em ações policiais — com a devida autorização do Poder Judiciário — para adaptá-los à utilização dos animais.


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Treinos diários são realizados com os animais. (Foto: Leonardo Oberherr / Unisinos)

Os dois agentes caninos são fundamentais para os bons números. Um exemplo ocorreu na noite de 17 de junho deste ano, quando a equipe identificou um esconderijo com mais de 90 quilos de maconha em Campo Bom. Além disso, a atuação de Lúcifer foi imprescindível para encontrar o corpo de um industriário que morreu afogado em janeiro.


O adestrador responsável, Luciano Santos, conta que o cão de polícia pode ter múltiplas funções, não somente o farejo de entorpecentes, e por isso a arcada dentária completa se faz necessária. “Especificamente no caso de nossa delegacia, que usa cães de múltiplas funções, como para o faro de narcóticos, em intervenções, ou em buscas e captura de humanos, o cão procura odores específicos. Usamos praticamente todos os recursos que um cão pode dar para otimização do serviço”, explica Luciano.


“No caso do dente do nosso cão, o implante se faz necessário, pois afeta primeiramente a alimentação. Faltando um dente, ele acaba tendo que direcionar o ato de rasgar o alimento com o outro lado da boca. Pensando na parte em que exige a captura da presa, a ação também fica prejudicada, pois a mordida acaba desnivelada, causando sobrepeso nas outras três restantes. Isso pode facilitar a quebra do dente que forma par com o quebrado” — completa o adestrador.

Como doar:

O Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro) de Sapiranga disponibilizou uma conta bancária para que os interessados em colaborar. As doações podem ser feitas através de Pix, pelo CNPJ da instituição: 90542689000179.


A Tigrinho Pet Center e a AgroCentro Sapiranga estão realizando uma vaquinha em seus estabelecimentos. Outra maneira de ajudar é comprando as lasanhas da empresa Nona Fiorinda: durante o mês de junho, 5% do valor arrecadado através das vendas foram destinados à causa. De acordo com a Medeiros, o valor orçado pela Universidade que irá realizar a operação é apenas uma base. "É possível que seja superior aos 3 mil reais, por isso, é importante que as doações continuem”, comenta.

Estrutura do projeto

Atualmente o projeto é todo bancado pela Prefeitura Municipal de Sapiranga. De acordo com Medeiros, entre os gastos, está o salário do funcionário que é cedido pela Prefeitura para o adestramento e treinamento diário dos cachorros, ração e outras demandas. “Considerando que entre as delegacias distritais do estado, este é o único projeto que lida com cães, não há, no orçamento do Estado, uma verba específica para a manutenção do projeto. Por isso, a Prefeitura de Sapiranga tem um papel fundamental”, explica o Chefe das Investigações. O projeto já chegou a ter cinco cães, porém, um já se aposentou e outros dois, que eram cedidos ao projeto, retornaram para seus respectivos donos. Segundo Medeiros, apenas grupos especializados da polícia e do exército possuem um projeto semelhante no estado. “Hoje, o Projeto K-9 de Sapiranga possui uma estrutura de primeiro mundo. Temos um canil com três baias, confortáveis, espaçosos, com isolamento térmico e um sistema que é ativado para acalmar os animais, quando os cachorros — por qualquer motivo — passam a latir. Temos adestrador próprio, um campo para treinos e uma estrutura invejável. Isso nos proporciona o resultado de sucesso que estamos tendo. Sempre vemos projetos com cachorros de polícia nos filmes e na mídia, como da Navy Seal Team Dogs, e posso garantir: o projeto de Sapiranga, em estrutura, não perde em nada”.


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