Invista na estrutura e garanta seu público
- Leonardo Oberherr
- 14 de jan. de 2018
- 4 min de leitura
Opinião, por Ober.

Quando falamos em "estrutura" para os times de futebol americano, logo imaginamos a hierarquia da equipe. Conselho de Gestão > Presidente > Direção > Comissão Técnica e todo aquele lance empresarial por trás de uma boa organização. Isso deve parar.
Estrutura ganha jogos. Ganha campeonatos, e o mais importante: Adeptos. Sim, a torcida é o bem mais importante do teu time. Valorizem-na.

Um time sem torcida presente não mostra sua força. Dentro e fora de campo. Dentro, pois falta incentivo, falta o grito da esposa daquele player desgastado pelo jogo, que o motiva. Faltam as crianças gritando "vai, Papai!" nos alambrados. Mas fora de campo o problema é grande também: Faltam apoiadores. Qual empresa de médio e grande porte investe num aglomerado de jogadores, de um esporte ascendente e "inédito" só "por ser legal"? Poucos. Me arrisco a dizer que quase nenhum. O que um apoiador quer em troca do investimento? Novos clientes. Uma marca vista por centenas, milhares, milhões de pessoas. Quer se fazer presente no estádio. E como um time garante isso se tem pouca torcida, ou, se mesmo com pouca torcida, não divulga seu apoiador? Falo em banners, anúncios no som do estádio... "Beba 'Água da Bica', a água que Juca Kfouri indica". Não é difícil fazer isso.
Voltamos aos torcedores: Sim, eles são essenciais. Respeitem-nos. Eles merecem o melhor. Dentro e fora de campo.

Vamos falar em estrutura nos treinamentos: Conheço pouco da realidade dos times do interior, mas, em suma, nenhum time treina em CT padrão FIFA, e tudo bem. Estruturas de treino como do Juventude, do Snakes, do Soldiers, do Lions, são difíceis de conseguir. Treinar em lugar com banho quente? Raro. Treinar em local onde torcedores podem acompanhar os treinos com conforto? Mais raro ainda.

Como eu gosto de moedas, vamos aos dois lados dessa: Estruturas boas? Juventude treina no CT do Juventude, um time de soccer da Série B do Brasileirão, Campeão de Copa do Brasil. Para o nosso padrão, é excelente. Snakes e o Estádio da Montanha... Não é um Luiz Carvalho, mas atende as expectativas. E que tal a CETE, novo local de treinos do Cruzeiro Lions? Todos com vestiários, banheiros e até estacionamento próprio. Para o Presidente do Lions, Paulo Mendes: "Todos deviam trabalhar como profissionais, e trazer o melhor para os seus atletas em questões de estrutura. É o que estamos fazendo no Lions". Mas vamos ao outro extremo: O Parque do Trabalhador de São Leopoldo, local dos treinamentos do Buriers (e que já era o acolhedor espaço do São Leopoldo Mustangs) retém a mínima estrutura. Sem vestiário, banheiro, a única coisa boa é o estacionamento. Mas ainda assim é um Parque. É aberto ao público. Vamos para a Restinga... Campo do Pampa. Não é o pior. mas é ruim. Gramado não ajuda, vestiário é em um ginásio ali próximo, e talvez o mais alarmante: Este espaço é usado para jogos, também.

E nos jogos, o que temos? A PUC é um sonho. Se há críticas é pelo valor de estacionamento e a visão longe do campo, mas cá entre nós, pouco importa. Campo do Nacional em São Leopoldo: dos alugados, é o melhor custo-benefício. Cabine de narração, arquibancada parcialmente coberta, boa visão do campo, mas peca na higiene dos banheiros. Ok, vamos deixar passar. Não há opção melhor. E em Bento Gonçalves? Nada do que reclamar. Quer dizer, muito pouco. Talvez o único "problema" é que as cabines de transmissão não são amplas. Mas isso é a visão de quem trabalha e não de quem torce, então, ponto positivo. E sobre o SESI, de Caxias do Sul? Bem, tudo excelente. O grande problema - atestado no Pampa Bowl - é a falta de cobertura na arquibancada. isso afasta torcida. mas ainda assim é uma baita estrutura.
Agora vamos aos dois que - ao meu ver - são os melhores: Edmundo Feix (Venâncio Aires) e Presidente Vargas (Santa Maria). Os dois são parecidos. Amplas cabines de transmissão, com banheiros exclusivos para os jornalistas e uma boa localização. Em Venâncio acho ainda melhor. Em um trabalho de unidade entre time e torcida, eles vendem diversos lanches (outro ponto que podemos debater mais adiante) como nega maluca, enroladinho, pastel...

É disso que estamos falando! Uma estrutura decente para acolher seus torcedores. Isso e os resultados de campo cooperam para o crescimento da equipe, de suas receitas e seus números de troféus nos armários. E não entendam a crítica como algo que visa manchar a imagem dos times, não é isso. É apenas a inserção de um debate. O quanto valorizamos as nossas torcidas?
E isso vai além dos locais dos jogos. Vai de criar produtos para torcedores com bons preços. vai de fretar ônibus e levar torcida para jogos fora de casa, e vai também de criar promoções, ações de marketing para seus fãs. Nada disso faz cair braços. Masculinidade nenhuma é posta à prova se respeitarem coisas simples na visão de um torcedor. Esqueçam que o futebol americano é esporte "de homem". Nunca foi. Agora muito menos. Então aqueles pensamentos de "Dane-se o cheiro do banheiro" ou "Eles que saiam do estádio e comprem algo pra comer" é retrógrado. É ruim, é contra o esporte. Sem estrutura, você não agrega ao esporte.

Nenhum prédio é construído sem seus alicerces. Vejam o seu time como este prédio. A estrutura são os alicerces (ok, isso soa até de forma redundante), e a torcida, são os donos do prédio. São eles quem "contrataram" você para gerir a construção do prédio. Uma hora eles cansam. Uma hora eles procuram outro time. Eles e os jogadores.
*Só um adendo: Não cito o 19 de Outubro / Poliesportivo (Ijuí), o Estádio de Carlos Barbosa, e o Estádio dos Plátanos (Santa Cruz do Sul) por falta de conhecimento. É antiético elogiar ou criticar algo que não se conhece. Mas por fotos, não parecem ruins.
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