Analisando times Gaúchos: Soldiers e a Toss Sweep
- Rodrigo Palaver
- 16 de fev. de 2018
- 3 min de leitura
A primeira coluna da categoria “Experts” começa uma série de análises de jogadas características (ou não) de cada time aqui do RS. E a bola da vez é o time gaúcho de maior destaque no cenário nacional: Santa Maria Soldiers.
Os soldados de Santa Maria sempre foram conhecidos pelo forte jogo corrido. Com a volta do QB Douglas Rodrigues (confira o Cara a Cara com ele clicando aqui), em 2016, a equipe passou a mesclar muito bem passes precisos com suas temidas corridas. Mas o Soldiers faz algo diferente e miraculoso? A resposta é não. O santa-marienses fazem o básico, mas muito bem feito.
Um conceito muito comum de corrida no futebol americano, e utilizado pelo Santa Maria Soldiers, é o Toss Sweep.
Essa jogada pode ter inúmeras variações, as quais não vamos adentrar aqui. O Soldiers utiliza as variações mais básicas dessa jogada: com e sem pull (em spread). As nomenclaturas acerca da Sweep Toss variam muito. Por exemplo, se tivermos pull do guard do backside junto com pull do guard do playside e mais a linha ofensiva fazendo um reach block (“empurrando” para o lado contrário da corrida) teremos o que se chama de Buck Sweep. Já se alinhavarmos pulls do guard e do tackle do playside teremos uma Power Sweep (ou Power Toss Sweep).
Enfim, o Soldiers aposta na sweep básica, variando o pull. Vamos à jogada:


O Santa Maria Soldiers usa uma formação spread (personnel 10), com o alinhamento em pistol.

Dado o snap, o QB Douglas faz o toss para o RB que conta com o pull do Center

Contando com um lead blocker (o Center, em vermelho), o RB tem duas leituras na jogada: o LB e o Safety. Neste caso, a lógica seria um deles não ser bloqueado e ficar no X1 contra o RB.

No decorrer da jogada, temos dois fatores que ajudaram: o grande bloqueio do Center em pull e a falha dos defensores em não esperar o ponto futuro. No caso, os dois defensores foram ao encontro do Center e acabaram perdendo o tackle no RB que viu um gap enorme à sua esquerda. A sorte é que o DE do backside não desistiu da jogada e acabou pegando o RB pelas costas, caso contrário seria TD.
Aí alguém vai perguntar: "Ah Palaver, agora tu deu a barbada, agora eu sei como é o jogo do Soldiers". Ledo engano, jovem mancebo. Não é à toa que o Soldiers é um dos times gaúchos com maior destaque no cenário nacional. A equipe de Santa Maria aplica o CONCEITO de Toss Sweep, podendo ter assim diversas formas de utilizar a jogada. Abaixo, vemos a mesma jogada, entretanto em uma formação Trips (tripla, na direita).


Aqui o Soldiers sai em formação Trips na direita e em alinhamento Pistol também. Antes do Snap o QB chama a motion do WR inside para o lado esquerdo.

O WR sai em motion e, assim que passa o Center, o QB chama o snap, utilizando-se da velocidade do WR para proceder em um crack block.

O WR acaba não precisando fazer o crack block e segue avançando até o safety. Na jogada, o Center também fez o pull e segue como lead blocker, pegando o LB mais próximo.
Por fim, mais um disfarce da Toss Sweep do Soldiers. Só que desta vez a formação é uma espécie de formação em WING T.


Em WING T, mas com um WR e um TE (personnel 11).

O QB chama a motion do TE da direita e, quando este passa o Center, o snap é dado e a jogada Toss Sweep acontece. O mesmo conceito utilizado em diversas formações.
A Toss Sweep é uma jogada de corrida clássica e muito forte. Bem executada, rende first downs e muito mais jardas. Saber o conceito das jogadas é muito mais importante do que memorizá-las, pois somente assim um ataque consegue o trunfo da surpresa sobre o adversário. Lembrando que o futebol americano é jogo de imposição tática. Ou seja, você diz ao seu inimigo o que vai fazer e faz assim mesmo. Mas é sempre bom termos algumas cartas na manga pra surpreender o adversário e impor nosso jogo.
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