Seja o titular!
- Rodrigo Palaver
- 24 de mar. de 2018
- 3 min de leitura

Este texto não é direcionado a ninguém específico, mas sim à toda comunidade do FARS – o resto do Brasil também pode se beneficiar com o que vou dizer. O Cruzeiro Lions é o terceiro time em que figuro como coordenador ofensivo. Comecei como running back no Bulls F.A., fui também diretor, coach de RBs, auxiliar técnico e coordenador ofensivo. No Bento Gonçalves Snakes fui consultor técnico e coordenador ofensivo pelo período de 6 meses.
Mas quero falar sobre os tempos em que era player. Joguei apenas no Bulls. Viajei o Brasil jogando o Torneio Touchdown, joguei Liga Nacional e Gauchão. E vou dizer: NUNCA fui titular (starter). Entrava muito no Special Team. Curtia a adrenalina dos times especiais. Era terceiro ou quarto reserva, dependendo de quantos running backs haviam. Uma vez, contra o Timbó Rex, saí jogando. Estávamos em Split e às vezes I Formation. Eu era o segundo back ou fullback, dependendo da variação da jogada. Ali, no meu primeiro jogo, percebi que não poderia ser titular.
Nos treinos seguintes, dei meu máximo para melhorar e evoluir. Aceitei minha condição de reserva, pois eu sabia que não daria ao time o que a equipe precisava. E sempre estive na sideline esperando uma chance, esperando entrar e mostrar que o coach poderia confiar em mim como corredor.

Acredito que hoje o FA no Estado esteja em um nível prejudicial à evolução do esporte aqui. É só analisar: quantos times figuram nos melhores times do Brasil? Apenas o Santa Maria Soldiers. O Juventude vem de uma temporada em que brigou pra não sair da BFA. Ou seja, nosso nível de futebol americano é muito ruim! Não é à toa que Soldiers e Juventude saem direto nos playoffs do Gauchão – aliás, mais que justo. Mas o que faz o nível ser tão baixo aqui no RS? É uma coisa bem idiota, na realidade. Quando o futebol americano começou a ser visto pela mídia gaúcha, foi falado que era um esporte democrático, onde gordos, magros, altos, baixos, enfim, todos poderiam jogar. E isso é uma mentira! Futebol americano é um esporte de alto rendimento, precisa de ATLETAS. Quer ver de perto a falência do futebol americano gaúcho? Compareça a qualquer try out de alguma equipe: em geral, de 30 inscritos, apenas 5 tem biotipo adequado para o esporte e apenas 1 é atleta.
Geralmente, há uma média de aprovação alta nos try outs. É apenas estatístico: os times precisam de jogadores. Para isso, muitas equipes acabam trazendo pro ambiente do FA pessoas despreparadas com o intuito de ensiná-las a serem bons atletas. Mas isso dificilmente acontece. A maioria dos jogadores advindos desta fórmula se torna aquele jogador na sideline que não entra e fica reclamando para os outros companheiros. É aquele player que não estuda a fundo o playbook e o sistema. É aquele player que não dá 100% nos drills. É aquele player que fica minando o grupo. É aquele player que quando recebe a chance, erra. E aí dá inúmeras desculpas.
O FARS precisa acabar com esse tipo de player. Se você que está lendo essa coluna e é esse tipo de jogador, leia atentamente o que eu vou dizer a seguir.
“Caro player reclamão,
Não, você não sofre perseguição do seu coach. Não, você não é o injustiçado. Um coach forma seus jogadores de confiança em treino. Ele observa a intensidade e vontade em primeiro lugar. Depois, analisa o entendimento do sistema. Por último, observa a técnica e, o mais importante, qual personnel esse jogador se encaixaria. Cada formação ofensiva tem inúmeros personnel (quantidade de WRs, RBs e TEs utilizados). Por exemplo, posso ter uma spread com personnel 12, com 1 RB e 2 TEs. Além disso, o coach coloca em campo quem ele acha que vai render mais para ajudar a trazer a vitória. Portanto, se você não entrou ou foi pouco utilizado, olhe para dentro de si, analise seus últimos treinos. Você deu 100%? Você não errou nenhuma execução? Você não alinhou errado em nenhuma formação? Você não dropou uma bola fácil? Você não cometeu fumble na linha de 1 jarda? Tudo isso é pra dizer que o FARS tá cheio de player reclamão. Se você está lendo isso e se identificou, o problema é você. MUDE! Ou você nunca jogará".
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