A morte do impresso até na internet?
- Leonardo Oberherr
- 27 de jan. de 2021
- 2 min de leitura

Que o jornalismo impresso vem perdendo força todos os dias nós sabemos. Seja pelo alto custo de produção, seja pelas delimitações espaciais para fazer publicidade ou pela baixa adesão de assinantes e anunciantes, o jornal impresso e as revistas vêm perdendo cada vez mais seu público. Ainda mais com a chegada da Internet.
A internet chegou para democratizar a criação e consumo do conteúdo. Todos parecem ter entendido isso, menos quem produz conteúdo impresso no Brasil. Televisões têm canais no Youtube e reproduzem seu conteúdo lá. Rádios, até as produtoras e distribuidoras de filmes optaram pelo redimensionamento de seu conteúdo para a internet. E quem ficou para trás? Jornais e revistas. Já não é nenhuma novidade. Dos meios, é o que menos prende o leitor. Estudos apontam que a publicidade audiovisual surte muito mais efeito do que uma simples peça impressa. Sem falar é claro de que a internet traz mais imediatismo, mais interatividade e muito mais opções de ilustração de conteúdo (vídeos, áudios, GIF’s, texto, imagens, gráficos, enquetes, infográficos…). E o impresso? Nada mais que texto, fotos e gráficos.
Nessa migração, o Jornal começou apenas publicando de forma digital, a página exatamente como era ela impressa. Apenas um PDF daquilo que fora diagramado. Além de cobrar por este serviço, sem retorno, não houve uma projeção de conteúdos massivos e exclusivos para a “Era Digital”. Com isso as grandes marcas do impresso no país perderam força, dinheiro e até credibilidade. Surgiram assim empresas que dialogam com seu público na internet. Direto, usando memes e abusando do infinito espaço para publicações, além de aproveitar a hipertextualização fazendo com que o leitor passe mais tempo, em looping, dentro de seu site. Assim, são gerados mais acessos, mais dinheiro e a roda gira.
Essa talvez seja o maior problema do impresso. A internet não só chega com seu conteúdo antes e melhor, como também o faz mais barato. Esse foi um dos motivos do fechamento da redação da Revista Playboy, gerenciada há dois anos pela PBB Editora, depois da Abril ter - literalmente - abandonado o barco. Em nota oficial, a editora falou que “reduzirá a publicação da edição impressa a um exemplar de colecionador por ano - que será on demand, ou seja, números limitados impressos por encomenda", isso em 2018. Nos Estados Unidos, segundo o G1, a revista mais conceituada do mundo masculino abandonou o uso de fotos nuas, por conta da concorrência com a pornografia existente na Internet.
A nova era de compartilhamentos e criação de conteúdos aberta à todos, inclusive os próprio usuários, oblitera o conteúdo impresso. Sobrevivem apenas aqueles que nostalgicamente “gostam de sentir o papel nas mãos e os cheiros que somente o impresso proporcionam”. Ainda assim, estes poucos consumidores não conseguem manter redações apenas para a criação deste material impresso. Com o tempo, ou todos estarão na internet, ou todos estarão enterrados na memória de alguém.
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